Imigrantes Italianos na Colônia Nova Itália em Santa Catarina

  

Desterro no século XIX

No ano de 1836 foi fundada, por 132 imigrantes de religião católica, provenientes do Reino da Sardenha, ainda quando a Itália não estava unificada, a colônia de italianos no Brasil, a Colônia Nova Itália, localizada no vale do Rio Tijucas Grande, no atual município de São João Batista, em Santa Catarina. 

Os pioneiros imigrantes italianos aportaram em março de 1836 na baía norte da Ilha de Santa Catarina, no porto do Desterro, hoje a capital do estado Florianópolis, transportados pelo navio Correio. 

A iniciativa pela criação e instalação da Colônia Nova Itália foi do médico e violinista Henrique Ambauer Schutel, natural de Milão, agente consular do rei de Sardenha e Carlo Demaria, inglês nascido em Gibraltar, uma possessão inglesa, e com raízes em Gênova, de profissão armador. Em 1835, ambos constituem a empresa Demaria & Schutel, Sociedade particular de colonização.



Pioneiros

  1. ANDRÉ PESCO: casado, família com 7 pessoas;
  2. ANDRÉ RIOLFO, solteiro;
  3. ANTONIO ALERTO: casado, família com 8 pessoas;
  4. ANTONIO CAVIGLIA: casado, família com 4 pessoas;
  5. ANTONIO MONTADO: casado, família com 3 pessoas;
  6. BARTOLOMEU SARDA: casado, família com 4 pessoas;
  7. BERNARDO GAMBELLI: casado, família com 3 pessoas;
  8. BLAUSORO BUSANO;
  9. DAVI RAMASCY: solteiro
  10. DOMENICO MATTIA;
  11. FILIPPO GIORDINO: casado, família com 5 pessoas;
  12. FILIPPO POLERES: casado, família com 3 pessoas;
  13. GIACOMO PESCO: casado, família com 6 pessoas;
  14. GIACOMO PISLORI: casado, família com 8 pessoas;
  15. GIACOMO RIBAN;
  16. GIOVANNI BENOTTI;
  17. GIOVANNI GROSSO, casado, família com 3 pessoas;
  18. GIOVANNI PESCO, casado, família com 6 pessoas;
  19. GIOVANNI RILLA;
  20. GIOVANNI BUSANO: casado, família com 4 pessoas;
  21. GIUSEPPE BUSANO: casado:
  22. GIUSEPPE VALERINO: casado, família com 7 pessoas;
  23. GIUSEPPE ZUNINO: casado, família com 7 pessoas;
  24. LUIGI RATTO;
  25. MATTIA PASTORIO, casado, com 5 pessoas na família;
  26. MICHELE PESCO: casado, família com 8 pessoas;
  27. SANTO MADONA: viúvo, família com 5 pessoas;
  28. SEBASTIANO PESEO: casado, família com 4 pessoas;
  29. STEFANO FORMENTO: casado, família com 4 pessoas;
  30. STEFANO SUZENO: casado;
  31. VICENTE PERES: casado, família com 6 pessoas.


O primeiro grupo era formado pelas famílias


ALERTO, 

BENOTTI, 

BUSANO, 

CAVIGLIA, 

FOMENTO, 

GABELLI, 

GROSSO, 

MADONA, 

MATTIA, 

MONTADO, 

PERES.

PESCO, 

PESEO, 

PISLORI, 

POLERES, 

RAMASCY, 

RIBAN, 

RILLA, 

RIOLFO, 

SARDÁ, 

SUSANO, 

SUZENO 

VALERINO, 

ZUNINO, 



Posteriormente, outros imigrantes se estabeleceram na Colônia Nova Itália, como os integrantes das famílias 


ANGELI 

CORSANI 

MARTINI 

MAZOTO 

PUEL 

SARTORI 

SGROTT

TOMAZONI 

TRAINOTTI 


Alguns destes sobrenomes foram alterados ao longo do tempo. O sobrenome Pesco tive a grafia mudada para Peixe e também Peixer, Sarda passou a ser escrito Sardo e Sardá, Busano mudou para Buzzano. Mattia originou Matias. O sobrenome Zunino permaneceu inalterado.




A Imigração Italiana no Rio Grande do Sul

 

Rua central da colônia Caxias na década de 1890


Durante o século XIX, muitos italianos deixaram sua terra natal em busca de uma vida melhor no Brasil. Esses pioneiros imigrantes enfrentaram grandes desafios ao chegar no país e foram abandonados no meio da mata do Rio Grande do Sul, tendo que construir suas próprias casas e plantar suas próprias colheitas para sobreviver.

A vida dos imigrantes italianos nos primeiros anos no Brasil era extremamente difícil. Eles não tinham muita experiência da agricultura que podia se praticar no sul do Brasil e não estavam acostumados ao clima e ao solo do Rio Grande do Sul. Também muitas culturas eram bastante diferentes. Tiveram que aprender a plantar, cultivar e colher sozinhos, sem a ajuda de outros que eles próprios. Muita coisa aprenderam com  os negros, índios e caboclos que moravam na mata entorno da colônia. Além disso, a terra tinha uma vegetação exuberante com grossas árvores que precisavam ser abatidas e queimadas para fazer lugar para as plantações, além de ter que lidar com animais peçonhentos desconhecidos, como as cobras, os insetos e outros animais selvagens.

Os imigrantes italianos produziam principalmente alimentos básicos, como trigo, feijão, milho e batatas, além de criar gado e outros animais para sustento próprio. Logo que puderam, depois de passados alguns tempo da chegada, passaram também a produzir vinho, queijos e outros produtos derivados do leite. A produção era em pequena escala, principalmente para consumo próprio, e pouca parte era destinada para venda, pois nem sempre os mercados consumidores estavam próximos.

A falta de médicos era um grande problema nos primeiros anos dos imigrantes italianos no Brasil. A maioria das doenças eram tratadas por remédios caseiros, feitos com plantas e ervas encontradas na região. Alguns dos remédios caseiros incluíam chás de ervas para dor de cabeça, febre e problemas digestivos. Além disso, a prática de cuidar de si mesmo e da família era muito comum, muitas vezes passando de geração em geração. Alguns imigrantes já traziam de casa na Itália o dom de curar doenças, fraturas e fazer partos. Eram os chamados curandeiros, os arrumadores de ossos, denominados giustaossi na língua italiana e também as parteiras.

A religião era uma parte importante da vida dos imigrantes italianos e, embora não pudessem contar com padres nos primeiros anos, eles mantiveram sua fé. Realizavam cultos em casa, e a leitura da Bíblia e a oração eram práticas diárias. Quando os padres chegaram, eles se estabeleceram em pequenas igrejas construídas pelos próprios imigrantes, e a religião católica tornou-se uma parte importante da vida da comunidade.

A vida dos imigrantes italianos não era fácil, mas eles perseveraram e se adaptaram à sua nova vida no Brasil. Com o tempo, eles começaram a prosperar, construíram novas casas e ampliaram suas plantações e criações. Hoje, a cultura italiana é uma parte importante da cultura do Rio Grande do Sul, e os descendentes desses imigrantes italianos ainda mantêm as tradições e costumes de seus antepassados.

Com o passar do tempo, os imigrantes italianos começaram a construir pequenas comunidades em volta de suas plantações e criações. Essas comunidades eram compostas principalmente por outros imigrantes italianos e suas famílias, mas também havia outros imigrantes europeus e brasileiros que se juntaram a eles.

À medida que a comunidade crescia, os imigrantes italianos começaram a estabelecer escolas, igrejas e outros serviços públicos. As escolas eram muito importantes para os imigrantes italianos, que valorizavam muito a educação. Muitas vezes, eles próprios, os com mais  conhecimento, que tinham aprendido ler e escrever na Itália, eram os professores, ensinando a seus filhos e de outros membros da comunidade.

A igreja também era uma parte importante da vida dos imigrantes italianos. Eles construíram pequenas igrejas de madeira e pedra, decoradas com imagens religiosas e objetos sagrados. A missa era celebrada regularmente e os imigrantes italianos frequentavam a igreja em grande número, cantando hinos e participando de outras cerimônias religiosas.

Embora a religião católica tenha sido a principal religião dos imigrantes italianos, havia também aqueles que pertenciam a outras religiões, como o protestantismo. Eles se reuniam em pequenos grupos para orar e estudar a Bíblia, muitas vezes construindo suas próprias igrejas.

A vida dos imigrantes italianos no Brasil também era influenciada pela política. Muitos dos imigrantes italianos eram socialistas e lutavam por melhores condições de trabalho e vida. Eles organizaram sindicatos e greves, exigindo melhores salários e direitos trabalhistas. Muitos imigrantes italianos também se envolveram na política local, apoiando candidatos que prometiam melhorias para a comunidade.

A culinária italiana também se tornou uma parte importante da cultura do Rio Grande do Sul. Os imigrantes italianos trouxeram consigo suas próprias receitas e práticas culinárias, que foram sendo adaptadas com os ingredientes locais. Pratos como massa, pizza, polenta, risoto, fortaia, codeghin e outros pratos italianos e especialidades se tornaram populares entre a população local, e com o tempo muitos restaurantes e pizzarias foram abertos para atender à demanda.

Hoje, a cultura italiana ainda é uma parte importante da cultura do Rio Grande do Sul, e muitas cidades têm festivais de canto e folclores italianos anuais. Os chamados "filós" em talian, a língua veneto rio grandense, criada no estado já nos primeiros anos da colonização, encontrados com vitalidade em muitas cidades gaúchas, são exemplos dessa marcante presença. Os descendentes dos imigrantes italianos mantêm  com inconfessável orgulho, até os dias atuais, as antigas tradições e costumes herdadas dos seus antepassados, incluindo a religião, a culinária e a língua italiana.

Em resumo, a vida dos pioneiros imigrantes italianos no Brasil foi marcada por grandes desafios e dificuldades, incluindo a falta de conhecimento na agricultura praticada no sul do país, a falta de médicos e a falta de padres nos primeiros anos. No entanto, esses imigrantes perseveraram e se adaptaram à sua nova vida no Brasil, construindo comunidades, escolas e igrejas. A cultura italiana se tornou uma parte importante da cultura do Rio Grande do Sul e os descendentes dos imigrantes italianos ainda mantêm as tradições e costumes de seus antepassados.


Dr. Luiz Carlos Piazzetta
Erechim RS